Quem Somos...

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Somos Comunidades que nasceram acreditando que podemos vivenciar a fé cristã, os valores e ensinos do Reino sem que precisemos ter estrutura física, hierarquia ou pertencermos a uma denominação. Somos cristãos, reformados, cremos em Deus, no Espírito e em seu Filho Jesus. Seguimos a Palavra, pois cremos como sendo inspirada por Deus. Nos reunimos nas casas pois queremos desfrutar de relacionamentos tal qual uma família. Seguimos a Missão Integral e, por isso, nossa mensagem focaliza todo o homem, sem dividi-lo e acreditamos que precisamos ser voz profética na sociedade contra todo tipo de injustiça e desigualdade. E precisamos ser amparo para todos os que vivem excluídos socialmente. Pregamos e vivemos a Graça de Deus, que nos acolhe como somos e nos transforma do que somos. Atualmente temos CCR (Comunidade Cristã Reformada) em São Paulo, São Luis e Recife. Segue nosso endereço: Rua oiticica lins, 761 Areias, recife, PE

sexta-feira, 9 de maio de 2008

NÃO ERA PARA SER ASSIM


Ariovaldo Ramos é filósofo e teólogo, além de diretor acadêmico da Faculdade Latino-americana de Teologia Integral, Pastor da Comunidade Cristã Reformada São Paulo e presidente da Visão Mundial. É membro da equipe editorial da Edições Vida Nova.


“A sociedade não pode capitular diante da violência, porém nossa arma mais poderosa é a conduta firme e ética sob o manto do estado de direito”

Hoje é dia 13 de janeiro. Acabo de chegar de um ofício fúnebre. Bem, não é a primeira vez que ajudo a oficiar um triste evento como tal. Esse, entretanto, vem carregado de tintas fortes. No caixão estava um menino de 22 anos, segundo testemunhas, morto por policiais militares enquanto tentava se entregar, afirmando que estava desarmado. Levou três tiros nas costas e um no peito.
A história que contavam no enterro é a de que o rapaz, desobedecendo a orientação de outros colegas de vida, que lhe recomendaram parar assim que se deparasse com qualquer viatura policial e imediatamente se entregar, acelerou diante da visão de um carro da polícia que fizera sinal para parar. Ele perdeu o controle do veículo e chocou-se contra um muro. Conseguiu escapar do automóvel e fugiu a pé, foi alcançado pelos policiais que, diante, de sua reação, foram-lhe ao encalço. Vendo-se descoberto, apresentou-se, segundo testemunha, com a intenção de entregar-se, alegando estar desarmado, e houve o desfecho.
A família estava lá. Os companheiros, com certeza. No entanto, a mais tocante das presenças era de seu filhinho de cerca de 5 anos, chorando inconsolável. Claro, estavam os crentes da periferia, e eu fui chamado por um amigo que não queria oficiar sozinho um evento com tanto peso. O menino não era nenhum santo. Era, segundo se dizia, membro de alguma das organizações do crime e, aparentemente, uma das vítimas do que ameaça se tornar uma guerra aberta entre polícia e bandido – que, diga-se, os bandidos começaram.
Diante de um quadro como esse, para além das palavras que tentam consolar o inconsolável, que tentam dar esperança no desespero, a gente não sabe o que dizer. Todos nós assistimos as cenas de barbárie que têm culminado na morte brutal de policiais. Gente também jovem. Gente do lado da Lei. Pais de filhos e filhos de pais. Gente que foi pega desprevenida porque não sabia dessa aparente guerra até que desabasse sobre ela. Que tipo de ânimo está a eclodir em algo que pode tornar-se uma conflagração aberta? E que tipo de ânimos tudo isso está despertando? Essa versão corresponde aos fatos? Não sei; de fato poucos o sabem. Porém, se a versão não é correta, ela corresponde a uma tentação, que pode tornar-se cada vez mais forte, por parte dos agentes do Estado. Como não compreender o medo de ser o próximo? De um lado ou do outro? O que dizer?
A única coisa que me ocorre é clamar pelo estado de direito. A violência oprime, ainda mais a covarde e gratuita; mas, o Estado não pode se confundir ou ser confundido com o banditismo. Só o respeito à lei vence a barbárie. Execução sumária é coisa de bandido. O Estado faz vingar a lei.
A sociedade civil, democraticamente organizada, não pode capitular diante da violência contra os seus valores e representantes; porém a arma mais poderosa da nossa militância é a nossa conduta firme, enérgica e incisiva sob o manto do estado de direito. "Imperius Lex" é a máxima da sociedade. Senhor Governador agora chegou a hora do Senhor demonstrar a força de sua liderança. Liderança que só o respeito à lei legitimará.
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